Zazen e Saúde

 

A prática de zazen é uma das principais técnicas utilizadas para desenvolver a estabilidade emocional. É uma prática simples, porém profunda, que tem sido utilizada por séculos para promover a paz interior.

Uma revisão sistemática de estudos sobre meditação e ansiedade concluiu que a meditação pode ser eficaz no tratamento da ansiedade, mas que são necessários mais estudos para determinar o tipo e a dose ideal de meditação para esse fim (Hofmann, Sawyer, Witt, & Oh, 2010).

Hoje em dia, se tratando de psicologia comportamental, existem inúmeros tipos de terapia que incorporam a meditação como base de seu tratamento. Por exemplo, a terapia cognitivo-comportamental baseada em mindfulness (TCBM) tem sido eficaz no tratamento da depressão e ansiedade em adultos, com resultados positivos observados em vários ensaios clínicos randomizados. Além disso, a meditação também tem sido utilizada em programas de redução de estresse baseados em mindfulness (MBSR) para ajudar a tratar uma variedade de condições, incluindo dor crônica, ansiedade e distúrbios do sono. Em um estudo recente, pacientes que participaram de um programa MBSR tiveram melhorias significativas em sua qualidade de vida e redução dos sintomas de ansiedade e depressão.

O hábito de praticar zazen pode melhorar a qualidade do sono de várias maneiras. Um estudo publicado no Journal of Sleep Research mostrou que a meditação pode ajudar a aumentar a quantidade de sono de ondas lentas, que são importantes para o descanso e a recuperação física. Além disso, a meditação também pode ajudar a reduzir a atividade do sistema nervoso simpático, que está associado à resposta de luta ou fuga, e aumentar a atividade do sistema nervoso parassimpático, que está associado à resposta de relaxamento (Kjaer et al., 2002).

Todos esses dados têm muita relevância quando se pensa em tratamento de saúde, de maneira geral. Mas a prática de meditação também tem efeitos na conduta em como tratamos os outros e a nós mesmos. A prática de zazen pode aumentar a empatia e a compaixão por meio da redução do julgamento e da crítica em relação a si mesmo e aos outros. Ajuda a aumentar a capacidade de observar os pensamentos e emoções sem julgamento ou reação imediata, o que pode levar a uma maior compreensão e conexão com os outros. Um estudo publicado na revista Psychological Science mostrou que a meditação pode aumentar a empatia e a compaixão em pessoas que praticam regularmente (Klimecki, Leiberg, Lamm, & Singer, 2013).

Praticar zazen teve um impacto profundo na minha estabilidade emocional. Desde que comecei a praticar, percebi que reajo com mais compaixão e entendimento consciente em relação às minhas próprias emoções e às emoções dos outros. A prática me ensinou a observar os meus pensamentos e emoções sem julgamento, o que me permitiu lidar melhor com as situações difíceis da vida.

Eu me lembro de um momento específico em que uma paciente com problemas de raiva me ofendeu de maneira muito agressiva, em vez de me sentir sobrecarregado pelas emoções negativas, consegui observá-las sem reagir imediatamente. Isso me permitiu processar as emoções de uma maneira mais saudável e não agir de maneira desesperada e insegura. Antes disso, quando alguém agia assim comigo era muito difícil não reagir da mesma maneira ou de maneira desesperada.

Encontre um espaço tranquilo e permita-se experimentar a prática sem julgamento. Com o tempo, você pode descobrir que a prática de zazen é uma ferramenta valiosa para sua própria jornada de autodescoberta e crescimento pessoal.

 

Texto de Renato Oliveira, psicólogo e terapeuta clínico. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.

 

Referências:

Hofmann, S. G., Sawyer, A. T., Witt, A. A., & Oh, D. (2010). The effect of mindfulness-based therapy on anxiety and depression: A meta-analytic review. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 78(2), 169-183.

Kjaer, T. W., Bertelsen, C., Piccini, P., Brooks, D., Alving, J., & Lou, H. C. (2002). Increased dopamine tone during meditation-induced change of consciousness. Cognitive Brain Research, 13(2), 255-259.

Klimecki, O. M., Leiberg, S., Lamm, C., & Singer, T. (2013).

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