Uma raposa atravessa um lago congelado. A qualquer estalo sabe que a camada é fina e pode se romper. Se ela molhar sua cauda, o peso a puxará para baixo e ela pode se afogar. A raposa é a raposa, é pequena diante do lago. O lago é o lago, é grande diante da raposa. No céu azul, bem alto uma ave olha para baixo, tudo é branco, não existe raposa nem lago. No meio do lago a raposa olha para cima, tudo é azul, não existe ave nem céu. No espaço uma massa gira, é um planeta ou uma gota d’água desprendida da asa da ave que aterrissa no pelo da raposa?
Conto de Marília Carbonari. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.