Quando Digo que Sou Budista

The Tao of Koi
Soft Pastel, Watercolor, Chinese ink, graffiti on cotton paper 56x42cm – May, 2017
Zen Artworks by Monge Kōmyō

 

 

Quando digo que sou budista, isso não significa que sou a pessoa mais pura ou mais gentil entre todos. Mas significa que reconheço minha ignorância e contaminações mentais, e que preciso desenvolver a sabedoria dos Buddhas.

Quando digo que sou budista, isso não significa que tenha mais sabedoria do que os outros. Mas que tenho sido ocupado por muita arrogância. Preciso aprender a ser mais humilde e desenvolver uma perspectiva mais ampla.

Quando digo que sou budista, não é porque sou melhor ou pior que os outros, mas porque entendo que todos os seres são iguais.

Quando digo que sou budista, sei que gosto daqueles que amo, mas um Buda tem compaixão por todos os seres orientando-os para serem cheios de sabedoria e compaixão. É por isso que escolho seguir os ensinamentos de Buda.

Quando digo que sou budista, não é com o objetivo de obter o que é do meu interesse. Mas por deixar de lado meu apego a todos os desejos mundanos.

Quando digo que sou budista, não é porque busco uma vida tranquila. Mas pela calma e aceitação da impermanência, que eu possa encontrar sabedoria e confiança em quaisquer circunstâncias adversas.

Quando digo que sou budista, não pretendo manipular os outros com uma motivação de interesse próprio. Mas usar a sabedoria, para beneficiar todos os seres sencientes.

Quando digo que sou budista, não é porque quero fugir do mundo e buscar o isolamento. Mas saber que a vida cotidiana está dentro do Dharma, e viver no presente é a própria prática.

Quando digo que sou budista, isso não significa que minha vida não vai mais sofrer retrocessos. Mas com prática do Dharma, reveses são transformados em um caminho para o crescimento espiritual.

Quando digo que sou budista, meu coração está cheio de gratidão infinita. Apenas pensando que nasci como humano e tenho a capacidade de praticar nesta vida, com a oportunidade de conhecer professores sábios e ouvir os ensinamentos do Dharma, fico profundamente comovido com essa inacreditável afinidade Kármica.

Quando digo que sou budista, não é porque existe um deus fora de mim. Mas que encontrei a natureza búdica no meu próprio coração.

Texto do professor Richard Gombrich, que dedicou 40 anos de sua vida ao estudo e prática do Budismo e da língua Pali na Universidade de Oxford.

 

Tradução livre para o português por Paulo Chikō. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.

 

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