Saindo do tema budista, poder-se-ia dizer que Maria não poderia ser fisicamente virgem após o parto. No entanto, Maria era virgem antes, durante e após o parto. Para quem, enfim, compreende, não estamos falando de virgindade, mas estamos falando de virgindade e Maria é claramente virgem sempre. Que me perdoem os católicos por usar seu sagrado exemplo.
O fenômeno físico da virgindade não tem existência inerente porque é dependente (não existe por si mesmo). O fenômeno metafórico também não tem existência inerente, visto também ser dependente (até mesmo das mentes que o interpretam).
Mitos para funcionarem numa cultura são bons para ela somente, as marcas de Buda repetem antigas tradições anteriores hindus de antes do Budismo surgir.
Por outro lado, até a postulação de existência inerente só tem sentido quando aplicada ao vazio, ele, sim, independente de relações de dependência, mas a tal ponto que mesmo sua existência ou inexistência está além de declarações.
Dessa forma, para transitarmos no mundo e agirmos, assumimos uma existência, mesmo que não inerente, mas praticável.
Mesmo que os pesadelos não sejam reais, quem os sonha tem taquicardia, sua, geme e sofre.
O papel do mestre é sacudir e acordar. Assim, não há nem os fatos nem realidade, visto serem oníricos. Embora ajamos com eles e os mestres atuem por meio deles no mundo de sonho que habitamos.
Logo, também não existem as metáforas inerentemente, porque são meros instrumentos de compreensão, mãos sacudindo os ombros dos mergulhados no sonho.
Assim Buda não tinha as marcas míticas se elas forem perturbadoras e afastarem certo tipo de mentes. Buda tem as marcas míticas para os que precisam dessas metáforas.
Fonte: Perguntas e respostas utilizadas nos ensinamentos da comunidade Daissen.
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