O Budismo não considera a existência de um Deus criador, ou a existência de uma alma permanente que sobreviva com um eu particular à morte. Mesmo assim, se vê como uma religião. Não é dependente de devoção, rituais, cerimônias. Todas essas práticas existem e algumas escolas budistas, mas são expressões culturais também. Apontam, mas não são o “budismo”.
O Dharma é visto como um mapa para um caminho de iluminação, um instrumento para ajudar. Cada prática budista é assim. Nenhuma é a “religião” em si, porém o conjunto de todas estas práticas é a “religião budista”, ou seja, o método de religare (do latim, ligar, unir) o homem com algo muito maior, que é o substrato do universo, sua natureza última. Considerando en passant (do francês, circunstancialmente, de passagem) que o budismo não acha que nos desconectamos, mas sim que nos perdemos em identidades e não vemos que sempre estivemos conectados. Se a palavra “Deus” não estivesse tão eivada de pessoalidade no ocidente, poderíamos usá-la para nos referirmos ao Vazio budista.
O próprio Budismo é algo que também é meio e, portanto, tem dentro de si um mecanismo para ser abandonado. O homem que alcança sua natureza última não é budista; abandonou o budismo. O budismo tem uma porta de liberação para toda fé, crença e apego mesmo a ele mesmo. Ou seja, você pode acordar de todas as ilusões, inclusive das religiões.
Fonte: Perguntas e respostas utilizadas nos ensinamentos da comunidade Daissen.
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