Foi o Amor que Me Conduziu Até a Sangha Daissen

 

Foi o amor que me conduziu até a Sangha Daissen. Literalmente o amor!

Era abril de 2009 quando conheci meu marido, Egídio. Éramos amigos e um assunto nos aproximou: a meditação. Eram longas conversas e algumas práticas juntos, até que ele me convidou para participar de um retiro Vipassana. Aceitei de pronto, sem sequer imaginar como seriam desafiadores aqueles 10 dias. Mas muito além do desafio, o que ficou daquela primeira experiência, foi a sensação de ter encontrado finalmente um caminho sólido e que fazia sentido. Antes disso eu havia experenciado muitas práticas, do espiritismo ao xamanismo, mas sempre faltava algo… ainda não era o meu lugar.

Egídio já praticava com a Sangha Daissen há muitos anos, viajando 450km, desde nossa cidade, Concórdia, em Santa Catarina, até a capital do estado, Florianópolis, para participar dos sesshins com Sensei Genshô. “É um Mestre diferenciado” ele dizia, exaltando o quanto a prática da comunidade era séria e fiel às raízes do que Buddha ensinou: o zazen.

Confesso que a prática diária, a princípio, era extremamente difícil para mim, dona de uma mente bastante irrequieta e agitada. Mas foi por amor – ao meu marido – que persisti. Com a autorização de Monge Genshô, em 2011, Egídio abriu um grupo filiado à Daissen em nossa cidade. Já estávamos casados e passei a auxiliá-lo.

Em 2012 Sensei Genshô viajou à nossa cidade para conhecer o grupo. Seria a primeira vez que eu estaria diante de um monge e minha mente fazia milhares de suposições e expectativas. Ajudei a organizar a palestra pública e o zazenkai (retiro de um dia). Estava tensa, ansiosa e querendo fazer tudo certinho para agradar ao monge (risos). Tudo correu bem, muitas pessoas puderam vivenciar o Dharma com mais profundidade, nosso grupo passou a ser oficial dentro da Comunidade Daissen e eu, bem, no exato momento em que conheci Sensei Genshô, reconheci com todo o meu coração estar diante do Mestre que me conduziria pelo árduo e maravilhoso caminho do Dharma. Mais uma vez era o Amor que me mostrava a direção.

Durante todos esses anos tem sido o amor – há cada dia mais puro e sereno – que fala ao meu coração e minha mente e revela constantemente como sou privilegiada por ter encontrado o verdadeiro Dharma de Buddha, através dessa Comunidade e especialmente, desse Mestre, de um coração tão bondoso, de palavras tão sábias, de atitudes tão inspiradoras.

Atualmente auxilio Egidio Henpou na coordenação do grupo de Concórdia, também atuo na Superintendência Sul, prestando apoio às comunidades presenciais e dando suporte aos novos grupos que se formam. Também faço parte do Conselho de Comunicação, onde atuamos em várias frentes, desde redes sociais até eventos presenciais. Por fim, auxilio no Conselho Editorial, nas traduções e revisões de textos para as publicações de livros.

Atuar como voluntária na comunidade é um presente que alegra meu coração diariamente. Alguns dias são de muitas tarefas, mas nossa missão é acolher amorosamente as pessoas que buscam o Dharma e fazer parte dessa corrente que atua para possibilitar tudo isso, é realmente indescritível. Quando me sinto um pouco cansada, lembro das histórias dos antigos patriarcas e como precisaram de inumeráveis esforços para praticar e encontrar um Mestre. A frase em japonês (idioma de onde vem originalmente o nosso Zen-Budismo) Ganbatte Kudasai, que em português quer dizer algo como “esforce-se, por favor”, ecoa em minha mente, e percebo que na verdade, a prática de hoje é tão acessível. Nosso esforço é mínimo.

Daissen quer dizer “grande fonte”. Humildemente me encorajo a dizer que a perfeita tradução para Daissen seria “grande fonte de amor”. Que felicidade poder beber dessa fonte. Com nove prostrações, reverencio a todos aqueles que possibilitam que a comunidade prossiga e que o ensinamento de Buddha sobreviva através do tempo.

Ganbatte Kudasai.

Gasshô,

Depoimento de Cristiane Shudô. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.

 

Pin It on Pinterest

Share This