Sento-me no banco
Um pouco antes das 7
Domingo de manhã
Hora de morrer
Para o passado
Para o futuro
A luz artificial já é desnecessária
Atenção desfocada nos sons do agora
Respiração tranquila
Corpo paralisado
Janelas sendo erguidas
Dois aparelhos de ar condicionado sendo liga-dos
Ar com esta temperatura e a este horário?
Ah, um julgamento
Deixo o ar ser ligado
Deixo o tempo ser sentido
Deixo
Solto
Isso não foi sentido
Não há o que sentir
Há o agora e seus sons
Há uma parede nua
Há memórias do dia anterior
Elas remetem a acontecimentos ainda anterio-res
Volto
Percebo o agora e seus sons
Pássaros cantam
“Bem te vi” parece ser o significado
Quem teria decodificado a língua deles?
Tudo é vazio de um “eu” inerente
Isso não foi decodificado
Foi apenas convencionado
Assim como todas as coisas que nos cercam
Não há nada de especial nisso
Porque
Tudo
É especial
Solto
Desapareço
Volto
Por Alexandre Arnt. Poema extraído do livro Avidya.
Avidya. 1º edição. Kindle Direct Publishing – Amazon.com, Inc. 2021
Disponível em aqui
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