Centro Ásia é Catalizador da Cultura Oriental e Japonesa no Brasil

Praça Japão, em Curitiba, cidade-sede do Centro Ásia

 

Baseado em Curitiba- PR, o Centro Ásia foi criado em 2008 a partir de um sonho: construir uma escola em que as pessoas queiram estar, que se preocupa com o ensino formal da cultura e dos idiomas, mas que tem como meta o desenvolvimento de valores como a amizade, a solidariedade e a perseverança. O centro tem como objetivo aproximar elementos culturais de países como Japão, China e Coreia por meio do ensino do idioma, da arte e da cultura.

Conduzido por Lina Saheki, o Centro Ásia está localizado a duas quadras da Praça do Japão, na capital paranaense. Em entrevista para o Budismo Hoje, Lina diz que os países e culturas da Ásia têm muito a oferecer e encontram na América Latina um solo fértil, um ambiente de interculturalidade que é bem interessante.

Além disso, a empreendedora cultural diz que as religiões do extremo oriente propõem, de modo geral, um apaziguamento dos conflitos interiores por meio de técnicas que, hoje, são altamente reconhecidas por seu valor terapêutico, inclusive em grandes centros de pesquisa como Harvard, por exemplo.

 

Qual a missão e os valores do Centro Ásia?

Lina Saheki: Temos como missão promover a interculturalidade, aproximando as culturas do extremo oriente e da sociedade brasileira. E buscamos fazer isso a partir de um diálogo que valorize diferentes formas de se conceber o mundo e a beleza.

Máscaras representativas da história japonesa

De onde surgiu a ideia de montar esse espaço?

Lina Saheki: A ideia surgiu ao perceber como as culturas e práticas associadas ao Japão, à China e à Coreia ainda eram vistas como “estranhas” no Brasil, mesmo quando comemorávamos o centenário da imigração japonesa, em 2008. E, mais ainda, como as instituições que ensinavam esses idiomas também as tratavam como “difíceis”, e partiam para uma abordagem meramente instrumental, sem aprofundamento em tópicos culturais que poderia, para além do idioma, promover uma compreensão de um “axis mundi” dessas civilizações.

 

Quais as ações regulares da instituição? O fluxo de cursos e pessoas atendidas vem atendendo às expectativas?

Lina Saheki: Promovemos cursos de língua e cultura japonesa, chinesa e coreana de forma presencial e online; aulas de Tai Chi Chuan em parceria com o Espaço Paramita em Curitiba; minicursos culturais abordando tópicos específicos da estética, arte, história e literatura da Ásia e, mais recentemente, começamos a investir em editoração de ebooks com temas relacionados ao nosso campo de atuação.

Com relação ao fluxo de pessoas, acreditamos que ainda existe esse “estranhamento” que comentamos no início, mas torcemos que a “diferença” seja um estímulo e um convite para aumentar nossos próprios limites de compreensão e visão do mundo.

Valorização das ritualísticas como resgate da ancestralidade

Estamos passando por mudanças geopolíticas/macropolíticas que reforçam a centralidade global da Ásia em geral, e da China e do Japão em particular. De que forma, a seu ver, isso pode influenciar a cultura latino-americana?

Lina Saheki: Acreditamos que os países e culturas da Ásia têm muito a oferecer, e encontram na América Latina um solo fértil, um ambiente de interculturalidade que é bem interessante. Em nossa experiência, percebemos que a cultura chinesa ainda precisa se expandir mais, para além do nicho de negócios e do Kung-Fu; ela pode e deve ser mais conhecida em sua literatura, arte, cinema, em suas tradições e crenças, que são fantásticas. Esse, aliás, é um processo que tem no Japão um bom exemplo, um país que foi amplamente beneficiado pela imigração japonesa ao Brasil. No caso da Coreia, os últimos anos têm mostrado todo o vigor de sua cultura, em especial no K-Pop, na culinária e, mais recentemente, nas séries televisivas; mas, é claro, a Coreia tem muito mais a oferecer. O aprendizado dos idiomas, no caso dos três países, é um caminho para que esse estreitamento de laços aconteça.

E o Brasil, o que teria a oferecer? Uma cultura vibrante, uma população jovem, um território fantástico e ainda pouco conhecido, universidades, livros, cinema, biomas, uma história incrível… Precisamos, é claro, superar as tensões e conflitos vividos no momento atual. Mas, eles hão de ser superados.

A Grande Onda, símbolo da arte nipônica

Em que medida há atualmente no Brasil interesse por assuntos asiáticos?

Lina Saheki: Esse interesse é cada vez maior. Mas, ele precisa ser percebido em suas especificidades, em seus nichos, e precisa ser expandido. Cultivar e ir além dos mangás e animês, por exemplo; do K-Pop e das séries; das artes marciais – todos esses bens culturais têm grande valor em si, mas podem funcionar como portas para um mergulho ainda mais fundo na cultura.

 

Como você considera que as religiões orientais, como o Zen, podem colaborar para a conscientização das comunidades locais?

Lina Saheki: As religiões do extremo oriente propõem, de modo geral, um apaziguamento dos conflitos interiores por meio de técnicas que, hoje, são altamente reconhecidas por seu valor terapêutico, inclusive em grandes centros de pesquisa como Harvard, por exemplo. Elas também encaram a natureza de uma forma especial – como é o caso do Xintoísmo, por exemplo. E, é claro, oferecem obras extraordinárias, que contribuem para o autoconhecimento e para o crescimento pessoal. Assim, elas podem cumprir um papel extraordinário nas comunidades brasileiras. Para isso, porém, elas deveriam/poderiam ir mais ao povo – esta é uma sugestão –, em um processo de missão situado além dos limites das classes médias. Com jeito e sabedoria, acreditamos que as religiões orientais também podem ajudar a apaziguar o crescimento do radicalismo de viés religioso no Brasil. Quanto mais religiões, quanto mais diálogo, melhor.

Colheita de Bambu, degustação e arte

 

Quais as suas perspectivas futuras em relação a sua atividade profissional?

Lina Saheki: A perspectiva do Centro Ásia é seguir como uma instituição promotora da interculturalidade, amigável e sustentável. Vamos seguir oferecendo nossos cursos de idiomas online e presenciais, promovendo cursos focados nas culturas do extremo oriente em relação ao olhar brasileiro e, em breve, publicando livros associados à temática por meio de nossa editora. Estamos muito felizes!

 

SERVIÇO

Centro Brasil Ásia de Estudos Culturais | Avenida Iguaçu, 2513 – sobreloja – Água Verde – Curitiba, Paraná | Whatsapp (41) 98773-4319

Site: www.centroasia.com.br

 

Entrevista realizada por Sonielson Luciano de Sousa. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.

 

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