Buda ensinou um caminho além dos extremos, sem comprometer-se com as palavras nem afirmar um conhecimento absoluto sobre todas as coisas, para várias questões alegou desimportância em considera-las. Não disse que revelava ou era um mensageiro de uma divindade, que tinha em mente uma organização perfeita para difundir seu ensinamento. Alegou ser um ser de sonho ensinando para seres oníricos e enfatizou continuamente a relatividade das palavras, colocando em dúvida a capacidade destas de transmitir uma experiência não transmissível.
O mesmo Shakyamuni Buda, estabeleceu um corpo minucioso de regras para a comunidade dos monges e sua relação com os leigos. Ordenou os monges por meio de rituais colocando neles vestes especiais, o manto budista. Ensinava tendo em mente hierarquia entre a assembleia, colocando os mais antigos em uma posição e os mais novos em outra. Estabeleceu, portanto, rituais e um corpo canônico de regras de comportamento. Estruturou um processo de ensino em passos cuidadosamente graduados. Deu autoridade a discípulos mais destacados e reconheceu a realização espiritual dos que a atingiam. Criou, por conseguinte, uma instituição muito bem estruturada, cujo arcabouço permanece sendo usado mais de dois milênios mais tarde por diferentes escolas budistas, as quais o vem adaptando a diferentes países e culturas.
Assim podemos concluir, somando ambas as afirmações, que, do ponto de vista doutrinário, Buda ensinou muito além de meras organizações mundanas. Contudo, para atingir seus objetivos estabeleceu sim uma organização religiosa e foi seu líder durante décadas. Desta forma, Buda ensinou algo muito elevado, mas simultaneamente, foi, sem dúvida alguma, o primeiro e o maior dos líderes budistas, o fundador original de um sistema de transmissão de seu ensinamento.
Disponível em https://opicodamontanha.blogspot.com/2017/04/buda-era-budista.html
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