A arte é uma das mais bonitas formas de expressão do ser humano. Com ela, expressamo-nos de todas as formas possíveis. Fazer arte é, em essência, uma expressão do eu, dos sentimentos, das ilusões e das expectativas.
Nesse sentido, começa o dilema para uma pessoa, como eu, budista. Nós, budistas, trabalhamos para superarmos as ‘delusões’ inexauríveis do mundo, assim como o ego.
Aparentemente, então, arte e Budismo parecem ser coisas contraditórias e, de fato, na maior parte das vezes, são. A arte é usada, constantemente (principalmente quando tratada como mercadoria), para justamente criar uma ilusão da realidade e, ainda, acariciar o ego de seus criadores.
Acredito que só há uma maneira para um budista praticar arte, que é fazer arte como método meditativo. Fazer o mesmo que fazemos quando nos sentamos em zazen, ou seja, não se apegar aos pensamentos e às delusões, manter a mente aberta e atenta ao que estamos fazendo.
Só assim, talvez, com muito esforço e atenção, podemos constituir uma forma de arte com a intenção budista. Que não sirva para gerar raiva, ganância, ignorância ou qualquer forma de karma prejudicial.
Que os métodos de nossa Arte/Prática se estendam a todos os seres.
Manoel. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.