Quando você abraça forte um amigo ou uma amiga, o seu corpo está dizendo que não há separação entre vocês, “vê, somos um e não temos nada melhor do que isso“. Aquele momento é efêmero e é total. É um alívio, o fardo de trazer o mundo sobre os ombros desaparece. Você desapareceu por instantes, é uma grande inspiração. Você se perde de amor.
Quando você abraça uma árvore, ela não faz ideia de quem você seja. Ela é tão ingênua como uma criança, você para ela é tão puro quanto ela é para você. Você pode sentir o movimento da seiva, ela, o seu coração. Abraçar uma árvore recicla o seu espírito, esvazia a malícia da civilidade. Pelo tempo que dura um relâmpago, você pode entender a consciência de árvore (isso é muito antes de você chegar).
Abraçando com total desprendimento outra pessoa, você adquire a consciência da humanidade. Da humanidade antes de surgir o medo e toda a cultura da comunicação. Você está o mais só que é possível estar. Não há ninguém a quem contar a sua experiência, não há tempo para isso, não há espaço para formular a primeira ideia sequer. Naquele instante você está loucamente feliz.
Texto de Monge Seigen Sensei. Sangha Kyozen. Escola Soto Zen.