Meu nome é Marcia Fernandes, sou bióloga, professora e estou na comunidade há cinco anos.
A morte de um animal que viveu comigo por dezessete anos me fez sofrer muito e então começaram meus questionamentos, a não aceitação e os problemas existenciais.
Sempre gostei de estar sozinha com meus pensamentos, assim, me interessei pela meditação e pelo Budismo, então, comecei a estudar, me aprofundar e a praticar cada vez mais, me identificando com tudo que vinha experimentando.
Fiquei praticando sozinha por aproximadamente um ano, mas a necessidade da aproximação de uma sangha se fez presente, eu precisava estar junto àqueles que nos fortalecem, além da enorme vontade de costurar o rakusu, que até hoje não consigo explicar. E assim, diante de inúmeros contatos que eu tinha, liguei para Monja Sodô que me recebeu com muito carinho e compreensão, deixando “as portas abertas” para mim.
Assim fomos conversando e ficando cada vez mais próximas e quando surgiu a ideia da Daissen Virtual, ela se lembrou de mim e me convidou a participar. Sodô san se tornou uma pessoa muito especial em minha vida, minha grande professora, só tenho a lhe agradecer. Daí em diante comecei a aprender, sentir a força de uma sangha e vivenciar o Dharma de perto. Gostaria de deixar aqui meu agradecimento ao Daniel Simplício, que me orientou, me apoiou e acreditou em mim desde o início, muito obrigada!
Começamos a Daissen Virtual em 2017, com um grupo pequeno de pessoas e com recursos tecnológicos simples, mas não importava, estávamos juntos!
A ideia de costurar o rakusu persistia e em setembro de 2017, fiz um dokusan com o Monge Genshô no Templo Busshinji. Expliquei a ele a necessidade que sentia de costurar, abrindo meu coração e contando a ele sobre minha vida. Lembro bem que ele olhava fundo nos meus olhos, me escutava e falava pouco…
Depois de me ouvir, ficou em silêncio por um tempo e disse: “Eu autorizo você a costurar virtualmente, peça a Monja Sodô que a oriente”. Fiquei radiante, sabia da dificuldade da costura, então disse a ele: “Mas Sensei, virtualmente é mais difícil”… E ele disse: “Sim, essa é a ideia, que você desista”.
Templo Busshinji SP – Setembro 2017
Comecei a costurar o rakusu em janeiro de 2018 com Sodô san. Me tornei a primeira aluna a costurar virtualmente. Nos encontrávamos online e Sodô san me deixava sempre uma “lição de casa” para o próximo encontro. Costurar o rakusu e ver aos poucos ele ir tomando forma, era como ver o caminho sendo trilhado junto a ensinamentos tão valiosos que ele me trouxe.
Meu Jukai aconteceu em Brasília, no ano de 2018, foi um dos dias mais felizes de minha vida!
Em 2019, eu e NanDô san começamos uma Sangha física em São Paulo sob sua coordenação. NanDô san é companheiro e meu amigo, aprendemos muito um com o outro.
Hakue san e NanDô san em Moema -SP
Praticávamos regularmente, fazíamos zazenkais e com a pandemia entregamos o espaço. Então, comecei a me dedicar exclusivamente a Daissen Virtual, o mesmo “lugar” onde comecei.
Independentemente do retorno das práticas presenciais, a Daissen Virtual se tornou uma ferramenta insubstituível, unindo pessoas de diversas regiões e fortalecendo nossa prática.
Hoje sou secretária e coordenadora da Daissen Virtual, coordenadora da Sangha Daissen São Paulo Sul, faço parte da Tutoria do CED e da Oficina de rakusu.
A comunidade faz parte de minha vida, minha dedicação a todos os seres me faz sentir uma pessoa melhor, caminhemos!
Muito obrigada,
Gasshô,
Depoimento de Márcia Hakue 白惠. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.