Apesar de ainda estarmos nos primeiros anos de seu desenvolvimento, ficou claro que o Zen, no Ocidente, vai ser diferente de seus congêneres orientais. Isto se reflete nas expectativas dos próprios discípulos, seus mestres e no Dharma em si. Deste modo, assim como tem tido um notável crescimento, o Zen no Ocidente tem também experimentado muitos mal entendidos e dificuldades: duras lições estão sendo aprendidas tanto pelos discípulos como pelos mestres.
Tem havido considerável experimentação com os métodos de ensino tradicionais, e um dos resultados é que os mestres ficaram mais dispostos a falar e explicar o Zen do que no passado. Mas há também diferenças de estilos marcantes com relação às várias linhagens que estão surgindo no Ocidente.
Vejamos o Soto Zen, por exemplo; a escola franco‑européia, fundada pelo Roshi Taisen Deshimaru (1914‑1982), é muito diferente, na sua abordagem para treinamento, da britânica do Roshi Jiyu Kennet e da Ordem norte‑americana dos budistas contemplativos.
Tudo isto é de esperar, enquanto os mestres adaptam o treinamento para atender às necessidades dos discípulos. Uma impressão que se tem do Ch’ʹan desenvolvido é de que se tornou reconhecidamente diferente dos sistemas do Budismo Mahayana de Dhyana, no qual teve origem.
De maneira semelhante, o Soto e o Rinzai japoneses, conforme existem hoje, são muito diferentes das suas origens do século XII. Já que o Zen trata da valorização da vida, em vez da devoção a dogmas e credos específicos, suas formas européias e norte‑americanas, com certeza, evoluirão com as conhecidas características da cultura ocidental.
Texto por Givanildo Taikan san, Daissen Ji.
Fonte: O livro de ouro do zen – David Scott e Tony Doubleday; tradução de Maria Alda Xavier Leôncio – Rio de Janeiro – RJ: Ediouro, 4ª ed. 2001.