Era uma vez, muito muito tempo atrás, no reino muito distante dos Sakyas, um Príncipe nasceu. Seu nome era Sidarta Gautama. Ele era muito amado por seus pais e foi dito por um sábio que aquela criança se tornaria um grande rei ou um sábio.
Seu pai ansiando que o jovem príncipe se tornasse rei um dia, cuidou para que sua vida fosse cercada de luxo e sem grandes preocupações.
Sidarta era uma criança alegre, compassiva, gentil e muito curiosa. Gostava de estudar e de praticar esportes, talvez como você, pequenino.
Ele era muito feliz, tinha uma família que o amava e era amada por ele, muitos amigos, um palácio, roupas bonitas e confortáveis, comidas gostosas e até mesmo um cavalo branco! Talvez você também tenha algumas dessas coisas.
Certo dia, o jovem Príncipe Sidarta, entediado com sua vida no palácio, quis conhecer o que havia para além dos muros reais. Seu pai, o rei, ficou muito preocupado com o que ele poderia encontrar e por isso preparou uma grande festa nas ruas da capital, com muita música, dança, comidas, desfiles, enfeites e flores.
No meio da festa, Sidarta curioso como era, como todas as crianças são, acabou seguindo por algumas ruelas diferentes daquelas enfeitadas e se deparou com homem doente e foi correndo buscar um pouco de água para ajudar aliviar sua dor. Mais à frente encontrou um velho senhor tentando, sem sucesso, levantar de sua cadeira. Prontamente, o jovem príncipe estendeu seu braço e auxiliou o velho a se levantar. Por fim, quando retornava para a festança ouviu algumas vozes chorando. De onde vinha aquele choro? Por que alguém choraria no meio de uma festa? Sidarta seguiu o choro cuidadosamente, nas pontas dos pés, e qual foi seu espanto ao ver um cortejo fúnebre passando, sem entender muito bem o que havia acontecido, ouviu algumas das pessoas que estavam passando falar sobre a morte, a passagem de seu ente querido. Seu coração se enlutou e ele seguiu o cortejo prestando suas homenagens. Com o coração pesado e apertado ele avistou um asceta. Você sabe o que é um asceta, pequenino? Ele também não sabia. Ascetas são pessoas que renunciaram as coisas do mundo. Isso quer dizer que ele não possuía nada, nem cabelos, pois eram raspados, apenas a roupa do corpo e uma tigela para pedir comida e mesmo assim ele apresentava um semblante sereno e feliz.
Já de volta ao palácio, talvez pela primeira vez, o Príncipe sentiu tristeza. Ele começou a imaginar como poderia superar a doença, a velhice e a morte, encontrar paz, tranquilidade e satisfação e ajudar outras pessoas a fazerem o mesmo.
Assim, ele percebeu que as respostas que buscava não estavam no palácio e que ele precisaria ir além de seu próprio reino para encontrá-las. Com a ajuda de seu servo e amigo Chana, montado em seu suntuoso cavalo, ele saiu em busca de seu próprio caminho, assim como você um dia talvez também o fará.
Ele viajou por muitos lugares, conheceu diversas pessoas, teve professores que o auxiliaram e praticou incessantemente tudo que aprendia. Mas ainda não estava mais perto de encontrar as suas respostas do que do dia em que deixou o palácio.
Um dia, cansado e fraco de tanto praticar ele desmaiou e caiu no chão. Uma jovem, chamada Sujata, que passava pelo caminho vendo Sidarta caído ajudou-o dando-lhe um pouco de arroz doce. Você já comeu arroz doce, pequenino?
Recuperado, ele a adentrou a floresta e encontrou uma grande e antiga árvore: a árvore Bhodi. Suas raízes brotavam da terra se entrelaçando formando seu tronco largo e firme. Seus galhos se estendiam por todos os lados e suas folhas em formato de coração proporcionavam sombra e frescor. Ali era calmo e silencioso, tão silencioso como a natureza pode ser!
Juntando um pouco de grama ele formou uma almofada e sentou-se para meditar. Às vezes uma brisa suave balançava as folhas da árvore Bodhi que em leves rodopios pairavam até o chão. Observando profundamente este movimento Sidarta viu com clareza, a folha, o sol, as estrelas, a chuva, as minhocas, os insetos, o vento, a semente, a árvore, dias e noites, o próprio tempo, o espaço e a mente. Todo o universo existia naquela folha.
Durante sete dias e sete noites ele meditou. No amanhecer do oitavo dia a estrela da manhã brilhou no céu e Sidarta compartilhou com ela seu brilho, ele havia atingido a iluminação: “Eu, a grande Terra e todos os seres, juntos nos tornamos o caminho”.
A partir daquele dia Sidarta passou a ser conhecido como Buda, que significa aquele que despertou.
Texto adaptado por Andreza Albuquerque. Praticante na Daissen Ji. Escola Soto Zen.
Referências:
https://www.bedtimeshortstories.com/the-story-of-buddha
Livro Velhos Caminhos Nuvens Brancas: Seguindo as pegadas do Buda. (Thich Nhat Hanh)