Nesta edição trazemos uma entrevista completa com Marcos Wunderlich, consultor, palestrante, Coach e Mentor de Executivos. Formador de Consultores de Pessoas e Coaches em empresas, com foco na visão holístico-sistêmica e no pensamento complexo.
Graduado pela Universidade de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina em Engenharia de Segurança, tem várias capacitações no campo da Gestão, Liderança e Humanidades.
Quem é Marcos Wunderlich? Como foi sua trajetória até aqui?
Caro Alfredo, é uma satisfação e uma honra responder à sua entrevista a pedido do Monge Genshō! Responderei convencionalmente. Meu nome é Marcos Wunderlich, catarinense, profissão consultor e formador de mentores com visão holossistêmica, atualmente com 72 anos de idade e residente em Florianópolis, SC.
Minha formação foi em Engenharia Mecânica e de Segurança em 1971. Passei profissionalmente por poucas organizações, tive uma empresa comercial de óculos por 5 anos e, em 1983, iniciei um processo de autodesenvolvimento, o que me levou a atuar como instrutor de cursos de Desenvolvimento Humano a partir de 1988, já com minha nova empresa de consultoria. Finalmente, em 1993, fundei o Instituto Holos, que se tornou nacionalmente conhecido por sua visão humanizada e que está ativo até hoje.
Em 1998, eu buscava conhecer a meditação transcendental e pedi a uma amiga, Rosa Rupp – que organizava eventos e contratava professores de workshops – que trouxesse um professor de meditação transcendental para Florianópolis. Ela me respondeu que viria a Florianópolis uma excelente professora de meditação e que ela mesma me levaria a este evento. E assim foi. Num sábado, a Rosa me levou pessoalmente a um evento ministrado pela Lama Tsering. Senti conexão imediata com a Lama e com o budismo e, a partir dali, começou toda minha caminhada no budismo vajraiana e mahaiana com Lama Padma Samten. Participei de inúmeros ensinamentos, retiros e iniciações – inclusive do Zen budismo. Conheci vários mestres, todos eles maravilhosos, com inúmeras qualidades. Chagdud Rinpoche se tornou meu mestre raiz.
Como conheceu Sensei Genshô?
Na época de 1998 até 2005, proliferaram várias comunidades budistas na internet, onde todos os participantes interagiram com todos. E, numa dessas comunidades, havia um nome que era muito citado e que participava ativamente com respostas firmes e precisas, que era Petrúcio Chalegre, que falava sobre o Zen budismo. Me apresentei ao Petrúcio (nome civil do Sensei Genshō) pela internet, descobrimos que ambos tínhamos muitas afinidades, inclusive profissionais. Já havia lido vários livros do Zen, que me encantavam, principalmente os koans, e as respostas curtas e precisas dos mestres do Zen.
Convidei-o para vir para Florianópolis, e ele efetivamente veio me visitar, me deu aulas de meditação, conversamos muito sobre meditação, budismo e consultoria, consolidando assim uma amizade leal, firme e forte.
O senhor apoiou a Daissen em Florianópolis no início, certo? Fale um pouco sobre esse momento.
A Sangha Zen de Florianópolis se estabeleceu definitivamente a partir dos próprios esforços e da clara intenção do Monge Genshō. Tive a honra de apoiá-lo, de dar uma força, um reforço nesta empreitada. Em 2002, numa dessas visitas do Monge Genshō, combinamos organizar e ministrar uma palestra aberta sobre o Zen, já com o intuito de formar uma Sangha. Eu tinha um bom network na cidade e ainda pedi reforço para a Malu Tavares, uma pessoa super prestativa que organizava eventos em Florianópolis e que tinha o contato de inúmeras pessoas. Dito e feito, reunimos mais de cem pessoas no auditório da Assembleia Legislativa de SC, e dali se apresentaram algumas pessoas interessadas em praticar o Zen. Na mesma semana, organizamos uma segunda palestra do Monge em um núcleo de yoga, com uma atmosfera mais aconchegante, e desta palestra surgiram mais pessoas interessadas em estudar o Zen, inclusive a atual esposa do Monge, a Juliana. Então, além dos contatos pessoais do Monge Genshō, ele reuniu as pessoas interessadas oriundas das palestras e que formariam a primeira Sangha Zen oficial de Florianópolis.
Logo em seguida, o Monge se mudaria definitivamente de Porto Alegre para Florianópolis, e começaram os primeiros encontros semanais de prática e estudos da Sangha em uma sala alugada. Concomitantemente, começaram os sesshins. Muitos deles foram realizados no Espaço Holos que eu mantinha para os eventos do Instituto Holos, mas que passaram a ser compartilhados em alguns finais de semana com o Monge e a Sangha Zen.
Qual a sua relação pessoal com as filosofias orientais, especialmente o budismo?
Desde a minha infância, eu tinha interesse e curiosidade por contos orientais, então lia livros de contos japoneses, chineses, árabes e outras culturas. Nasci num ambiente familiar religioso cristão, o que fez com que eu me interessasse também por outras religiões e filosofias orientais. Eu tinha atração por esses conhecimentos adquiridos por livros, mas, até meus 47 anos, nunca me passou pela cabeça conhecer e frequentar uma religião oriental. Qual foi minha alegria e satisfação de encontrar o Dharma do Buddha num final de semana e não me afastar nunca mais destes maravilhosos ensinamentos de Siddharta Gautama e tantos mestres que o sucederam numa linhagem até os dias atuais. Me sinto uma pessoa afortunada com esta oportunidade.
Com a idade de 35 anos, eu aprendi outra prática oriental, o Tai Chi Chuan, o que me levou a conhecer mais o Taoismo, mas não ao ponto de praticá-lo como fiz com o Dharma de Buddha.
O senhor é amigo pessoal do Sensei Genshō, certo? Nos conte como surgiu essa relação e como ela foi se transformando ao longo do tempo.
Sim, como já relatei, nos encontramos a partir das listas de interação budistas, e, a partir daí, surgiram muitas afinidades pessoais, religiosas e profissionais que foram compartilhadas ao longo do tempo. No início, quando Monge Genshō veio residir em Florianópolis, ele alugou uma casa próxima à minha, e nos víamos com certa frequência. Eu também participava dos sesshins no Espaço Holos, ao lado da minha casa.
Nos afastamos fisicamente quando ele mudou para o lado oposto da ilha, ele se envolveu nos trabalhos de criar novas Sanghas e ministrar muitas palestras em todo o Brasil. Eu também intensifiquei minhas atividades profissionais, com muitas viagens a diferentes capitais brasileiras. Mas o afastamento físico não significou o afastamento do coração, e este relacionamento está intacto até os dias de hoje. Talvez com o nosso amadurecimento estejamos até mais próximos que antes, é uma relação de “alma” com “alma”, mais espiritual e menos intelectual.
Nos fale um pouco sobre o seu trabalho, sobre o sistema ISOR e onde podemos buscar maiores informações.
Há 40 anos, trabalho com o Instituto Holos no desenvolvimento de pessoas voltado para a Formação de Profissionais de Mentoring, Coaching e Advice com abordagem humanizada e sistêmica.
Criei uma metodologia própria chamada de Sistema ISOR® que é um conjunto instrumental científico-pedagógico voltado para o desenvolvimento integrado de Pessoas e suas Organizações, com base no pensamento sistêmico, na moderna administração, nos avanços da ciência e na milenar sabedoria humana.
Utiliza-se, sobretudo, de referenciais gráficos (holográficos) autoexplicativos, formando um know-how próprio e uma metodologia peculiar de aplicação e aprendizado, com base no autodesenvolvimento e na ampliação do campo de visão.
ISOR® vem do prefixo grego ISOS, que significa “igual”, “da mesma forma”; e o “R” final, que abrevia a palavra Relacionamento, nos remete a atividades e relacionamentos isomórficos, isto é, coerentes, condizentes. Ou seja, ISOR® se propõe fundamentalmente a desenvolver nas pessoas uma vivência relacional com base no isomorfismo, na coerência, na transparência e na reciprocidade entre VISÃO E AÇÃO.
Para maiores informações, podem me contatar pessoalmente pelo WhatsApp (48) 99664-3111 ou podem adquirir o livro “Mentoring, Coaching, Advice Humanizado ISOR® – Ferramentas Holossistêmicas” na Editora Leader pelo link https://editoraleader.com.br/categorias/coletanea-mentoring-coaching
Na sua concepção, o Sistema ISOR® teve alguma influência do budismo? Se sim, de que maneira?
O Sistema ISOR® foi o nome que cunhamos os referenciais de processos anteriores a 1994, pois ISOR® nos seus primórdios nasceu em 1950 com o advento do pensamento sistêmico e vários outros processos decorrentes. Portanto, desde 1994, ISOR® está em constante reformulação e atualização. A partir dos meus conhecimentos adquiridos no budismo, este foi incorporado ao Sistema ISOR® porém com nomes diferentes e com adaptações ao ambiente da educação de pessoas. Por exemplo, os conceitos de impermanência, mindfulness (plena atenção), meditação, delimitação de campo, presença e vacuidade foram de alguma maneira incorporados ao ISOR®, sendo aplicados nas diferentes ferramentas que formam o conjunto instrumental do Sistema.
Entrevista concedida para Alfredo Teles, voluntário do Jornal Budismo Hoje e da Daissen Ji.